18 de abril de 2006

O Reflexo Fôrma

O Reflexo Fôrma

Com sete anos de idade, ao entrar na escola, ganhei minha primeira fôrma:
vinha com manual de instruções e tampa.
Me encolhi e me espremi para caber dentro dela. Como era minha primeira fôrma ainda não estava acostumada com o desconforto que elas trazem: você fica tentando se ajeitar ali dentro até achar a posição mais relaxante, esforço em vão.
Quando já nem sentia mais a cabeça nem os pés, dormentes, aos quinze anos ganhei minha segunda fôrma: mais arrojada, com design moderno. Porém apenas mais uma forma na qual eu passei trabalho para entrar. Meus colegas naquela época também ganharam suas fôrmas, cujo tamanho não variava, apenas as cores e o modelo.
Quando entrei na faculdade, achando que ganharia mais uma fôrma disse-me um professor, que estranhamente tinha a forma de cubo: “Na universidade as fôrmas não eram necessárias.”.
Então segui assim meus estudos: quadrada, com a cabeça chata e os pés encolhidos.

Jaque Machado