17 de julho de 2021

A Mulher Proibida

 

Contando Kroom


-Uma moeda, por favor! - pedia a mulher agachada sobre a laje fria, como se já não conhecesse a cruel indiferença das criaturas do Porto da Morte.

E estava ali com a barriga dura e grande, com o corpo magro consumido pelo rebento que carregava, as mãos enferidadas, a pele dos quadris quase como uma película sobre a ossada proeminente. Mas ela já conhecia o mundo e as pessoas, porque seus pés magros eram feito solas forjadas por todas as estradas do mundo, no entanto o pior lugar para estar era lá. Conseguira entrar sorrateira no porão de carga de um navio da Marinha de Sabo, quando ancorado ao Sul de Saigão. Dera a volta no continente e chegando à Ilhadura fugiu para outra embarcação, onde fora descoberta clandestina, comendo ratos e resmas de farelo sob a escuridão dos estertores e a mando do capitão fizeram-he vista grossa até o próximo porto devido ao seu estado interessante de natureza. Foi escorraçada dos porões na madrugada quente e úmida da Ilha Elefante e não fosse por um outro navio da Marinha Mercante de Sabo, cujo capitão ficou compadecido, teria morrido lá: “É das mulheres proibidas de Marracar, os Senhores de escravos de Zarmund atravessam o Mar do Leste e destroem seus templos, levam mulheres proibidas como escravas, essa deve ter escapado, deve ter fingido-se de morta, deve estar carregando o fruto de uma violência desmedida nesse ventre inchado. Violar uma mulher proibida é chamar para si todas as piores maldições do mundo antigo.”, explicou à tripulação e em seguida perguntou à mulher se era isso que havia se passado, ela mal abriu a boca, mas assentiu apertando os olhos e movendo um pouco a cabeça.

Já contara tantas estórias, todas eram suas e outras milhares não eram. Passara por tanta coisa na vida que talvez tenha esquecido o que acontecera consigo na verdade ou tenha tomado como sua a história de outros, fato era que aos desconhecidos contava o que era preciso para sobreviver mais um dia.

Depois de Ilha Elefante foi à Foz do Porto, descendo na praia ao norte e entrou com os próprios pés na familiar Floresta dos Espinhos. Caminhou por mais algumas Luas até Porto da Morte, perto da hora queria estar em Ankset.

Mas ainda tinha o ventre alto, não sentia entre as coxas o peso e o inchaço suficientes ao parto. 

Os dias de calor estavam por encerrar, ela sabia, assim como sabia que em breve, na primeira lua de brisa, ela e a criança estariam prontas. Teria que trazer mais esse filho ao mundo num dia frio, mais um dentre tantos filhos que lembrava ter parido, mais um dentre tantos filhos os quais abandonara nas urzes, umbrais, rios, cocais, portas e marés.

Estendeu o braço para um transeunte com a pouca força que tinha e puxou uma palha úmida para tapar os pés, foi quando desmaiou na calçada às portas de uma taverna no Baixio dos Porcos e depois acordou sem noção do tempo, sendo escorraçada com água fria e vassoura.

Muito embora tremesse as pernas como varas ainda verdes tinha que levantar, a dor foi a movendo, a fome foi a empurrando, a angústia foi a ajudando a apoiar-se nas paredes, sublevando a doença, foi arrastando sua compleição esquálida através das vielas próximas até a entrada dos esgotos antes do Beco do Pequeno Kid

Não teve forças para revidar o transeunte que lhe cuspiu no rosto: “Escória do Norte”, ele disse.

Ao chegar na ponte de pedra lá estavam todos os gentis, toda sorte de malfeitores e homens que serviam ao Corso do Pequeno Kid, eles aguardavam no Beco para fazer os serviços e ficavam amontoados nas esquinas do Porto, rindo, bebendo e causando os problemas de sempre.

Ela os viu e desviou na escuridão, descendo a escada lateral da ponte em direção ao canalete. E foi acompanhando a linha d’água do esgoto até a passagem do primeiro canal. Ali, dobrou no sentido norte, indo contra a correnteza que vinha das galerias do centro da cidade. A grade do primeiro canal estava aberta e ela foi entrando na ruela subterrânea mergulhada na escuridão,  um tapete de listras horizontais se formava à sua frente porque era dia e de longe em longe o chão fendia para escoar as águas das ruas acima de sua cabeça, deixando a luz entrar enquanto os dejetos caíam. Pequenas turbulências apareciam sob as águas e quanto mais avançava maiores se tornavam: ratazanas corriam sobre a amurada lateral com suas fitas rosadas reluzindo nas áreas escuras.

Guinchos por todos os lados acompanhavam o barulho de uma corrente d’água, que a cada distância vencida ficava mais intensa. Era o segundo canal do qual se aproximava.

Edê”, ela disse, e foi quase inaudível, consumindo com as poucas forças que lhe sobravam. E os animais olharam todos na sua direção como se a reconhecessem de imediato. Foram se unindo todos, formando um tapete imenso de ratazanas sobre o qual a mulher desmaiou. E aquele bloco vivo primeiro a conduziu através do segundo canal até a margem oposta, depois seguiram adiante com ela. Mas a prenha nada disso viu, pois vinha desfalecida enquanto era conduzida por um tapete de ratos imundos, somente recobrou os sentidos quando um líquido quente vinha entrando goela abaixo, mas não reconhecia o rosto que foi se desfragmentado aos poucos diante da sua vista: alguém a alimentava. E apesar de tudo sentiu-se segura e cuidada, embora desorientada e desfaleceu uma vez mais.

Percebeu que ia chacoalhando quando abriu os olhos e viu o teto de um carroção, foi sentando com as mãos apoiadas no feno e tinha uma criança que a olhava fixamente com os olhos embarrados sem nada falar. Quando viu que a mulher acordara, encolheu-se num canto e ficou chupando o dedo com uma boneca de sabugo debaixo do braço.

-Olá! -disse a mulher, mas o condutor não a ouvira. Então repetiu mais alto, ao que o homem se voltou sorrindo.

-Está acordada, finalmente! Moça, -comentou o homem com empatia e preocupação - a encontramos quase morta. Não sabíamos para onde ia, mas a trouxemos conosco e vamos para o atoleiro. 

        -Para mim está bom. - disse ela, voltando ao feno.- Obrigada pelo socorro. É sua filha? -e apontou para a menina.

-Ah não, é minha noiva, disse o homem. Vamos nos casar amanhã.

Ao que a grávida apertou os olhos com profundo pesar e depois respirou fundo.

-Quanto tempo para as ruínas?

-Uma manhã! -disse o homem, tocando os bois com um estalo da boca.

-Muito bem, fico nas ruínas.

O carroção foi avançando manhã adentro através dos campos úmidos que cercam Porto da Morte e no meio da manhã já estavam próximos das ruínas quando o carroção atolou.

-Consegue tocar o gado enquanto empurro a carroça?  Assim que ela se mover você pára e espera- lhe pediu o homem, que era grande e forte na sua meia idade.

A mulher deu de ombros e sentou à frente, antes do balancinho.

E quando sentiu o solavanco, sacudiu as cordas no lombo dos bois, seguidas vezes, os animais rapidamente entenderam o comando e o carroção saiu da lama de supetão deixando o homem estatelado no lamaçal. A mulher olhou por cima do ombro e acima de seu véu preto roto, dizendo “Edê” uma vez mais. 

Os animais deram meia volta, fazendo o carroção dar para trás. As rodas pararam em cima do homem e talvez tivessem lhe quebrado alguns ossos, algumas costelas, não sabia e não desceu para ver. Só ouviu o som abafado dos seus gemidos, e dos braços e pernas chapinhando na poça, enquanto tinha o rosto preso e enterrado no barro por um longo tempo até sufocar.

E quando tudo ficou quieto ela tocou o carroção, olhando novamente por cima do ombro, mas dessa vez em direção à pequenina e lhe deu um largo sorriso.

-Está tudo bem! Meu nome é Lakismi e tu, como te chamas?

Mas a menina ficou em silêncio e alheia, com o olhar fixo e cheio de horror, não pela mulher que conduzia o carroção, mas por coisas assustadoras e incompreensíveis que presenciara com suas fitas de criança.

-Estamos aqui e não lhe prometo que tudo vá acabar bem, esse é o mundo dos vivos e ele é cruel e devastador, temos que lidar com ele e sobreviver. Mas estamos aqui, como disse, e por hora vamos indo. Vou lhe contar uma estória, pequena, e vamos passando o tempo enquanto nossa carroça velha entorta as rodas nesse caminho de lama: “Em tempos imemoriais os vivos chegaram nessas terras cruzando Portalos em meio à escuridão. E eram fortes, bravios, poderosos. Deuses, era como os chamavam. Entre eles o Primeiro Ancestral e ele achou por bem habitar ao sopé da Montanha mais desolada, a que hoje recebe o nome de Neferthot ou Picoalvo. Por ser detentor da palavra da criação, ergueu seu povo do barro que jazia aos pés da montanha. Nunashur, era seu nome e chamou a si de Lugal sob a Terra, e enquanto dava vida ao seu povo percebeu que as formas que moldava tornavam-se diferentes da forma como as tinha criado, eram capazes de mudar a si próprias sem repetir as palavras de criação que lhes eram desconhecidas. E Nunashur, porque era auspicioso, observou àquilo e ficou ternamente maravilhado. E por longas eras escavou ao sopé da montanha, de onde tirava a matéria prima da qual erguia seu povo. Alguns permaneceram em seu entorno, outros foram indo e perderam-se na escuridão do mundo. Tantos seres Nunashur criou com a matéria da montanha e tanto tempo levou fazendo isso, que quando deu por si  estava perdido naqueles túneis sem fim, sem conseguir encontrar o caminho de volta à superfície. Decidiu então continuar cavando, para que de alguma forma chegasse ao outro lado. Mas não foi isso que aconteceu, minha pequena, o Primeiro pensou que cavara em direção à superfície porque encontrou uma luz tão forte como a da pedra que havia no firmamento, muito antes da escuridão vir. Era uma luz muito intensa que o atingia nas vistas, quase o cegando e que, no entanto, podia ser tocada e segurada: uma esfera viva, cujas raias escapavam além da lonjura do tempo, se espremendo entre fresas da vida e da morte. E assim que a tocou ela era fria e não quente, iluminou o salão colossal onde habitava Nunashur, cujas paredes eram formadas dos cristais da criação e rebatiam os raios emanados pelo penedo como a luz do início dos dias e todos aqueles que viviam nas profundezas não estavam mais cegos.

A luz da pedra acabou capturando a mente do Mestre, que a adorou por longas eras abandonando a ideia de retornar à superfície. Ficou lá, aprisionado pela beleza dos salões a refletir a luz de todas as maravilhas e fez daquele o seu palácio e do subterrâneo seu reino. Chamou a pedra de Chesteb, a Gema da Primeira Consciência, e chamou aquela cidade criada por si de Primeira Cidade Anciã.

    Nunashur ordenou ao seu povo que mineirasse a montanha à procura de outras pedras iguais àquela, mas nenhuma semelhante foi encontrada e todas as maravilhas mineradas foram levadas até o Lugal, cuja ordem era de que ampliassem o seu palácio, o seu reino.

    Em tempo incapaz de ser contado nos números dos vivos, chegou, entrando pelos túneis na superfície da Primeira Cidade Anciã, uma mulher. Setapher, o Lugal lhe chamou sem perguntar seu nome e ela maravilhou-se com o reino esquecido do subterrâneo onde fixou morada. E aquela criatura tinha a forma bela e diferente dos seres que moldara, tinha os olhos intensos como duas esmeraldas verdes a cintilar na escuridão, sua pele era lisa e aveludada e Nunashur por ela enamorou-se e a quis como Lugalesa. Mas o espírito daquela criatura não lhe pertencia, ela havia caminhado por todo o mundo após abandonar a borda do poço mais profundo de Kroom. No entanto, aceitou permanecer ali porque também fora capturada pela luz daquela gema e porque lhe agradava a ideia de governar as riquezas que via ao seu redor.

     E o povo do barro venerou sua Lugalesa que viera da superfície e contava-lhes histórias de um mundo cheio de vida e coisas belas escondidas na escuridão, mas também falara do antes, quando havia luz sobre as terras. Falou-lhes sobre coisas que seu rei nunca os tivera dado ou mostrado. Ela dissera ao povo: “ Devemos levar a luz desse Reino para todos os que habitam no mundo, para que vejamos todos as maravilhas que lá existem, hoje banhadas pela inexatidão. 

Mas o Lugal não se agradou da ideia, queria a gema e a mulher ali naquele Reino, para toda a eternidade. Em sua mente viciada não seria seguro deixar os subterrâneos e purgar as sombras do mundo sem saber o que havia lá, que criaturas vagavam nas terras e se seriam capazes de lhe arrebatar a pedra?

A mulher tinha o ímpeto livre e decidiu ir com aqueles que desejassem e ordenou que arrematassem a gema dos estertores numa fuga perigosa para o mundo de cima.

Mas o Lugal era vil e quando descobriu as intenções da consorte mandou acorrentar a Setapher com mil grilhões de barro na mão esquerda e disse, colocando um punhado de barro no seu ventre: ‘é tu que invoca essa sina sobre tua vida, vieste a mim e te acolhi e então me traístes tentando arrebatar de mim aquilo que me é mais caro. Tu, mulher e andarilha do mundo, serás amaldiçoada com a minha criação no teu ventre por todo o sempre para que assim não te esqueças de mim e para que, se um dia romperem-se os grilhões que te impingi, tenhas a lembrança que é meu o poder eterno sobre o teu corpo e a hora da tua morte.’ .”

-Pequena, esse é o mundo dos homens, sim, crê no que digo, essa lenda conta isso, um pouco do que tu viverias e vivem as mulheres na sina dos dias que cercam a sua existência.

A criança se aproximou e cutucou o véu esfarrapado da mulher que conduzia o carroção.

-O quê? - ela indagou olhando para frente com um pequeno sorriso no canto da boca oculto pelo pesado manto preto e então girou o tronco para trás - queres saber mais da lenda?

A menina esticou as pernas e sua camisola estava suja de urina, coisa que ela tentou esconder com vergonha enrolando a boneca no vestido. Depois sacudiu a cabeça com o dedo na boca concordando com a mulher.

-Está bem, mas deite-se no feno e vá ouvindo com atenção: “A Rainha era  mulher forte e bravia, capaz de encontrar dentro de si a força e a resiliência necessárias para deixar aquele castigo, aquele reino. De início ela chorou muito, porque seu ventre inchou e ela não sabia o que estava acontecendo. Então depois de algum tempo a mulher pariu uma criatura, muito parecida com ela mesma. Mas apesar de ser indefeso, pequeno e desabrigado, ela não tinha por ele um sentimento de amor pleno porque era parte do acorrentador vil que lhe agrilhoara naquela condição, o que sentia era uma culpa apertando o peito e era tão forte que sobrepujava qualquer outro afeto.

Então ela foi parindo através das eras e seus filhos iam sendo levados dali e assim foi até as correntes virarem poeira e suas vestes se esfarelarem, ao final a Lugalesa estava quebrada e não conseguia, mesmo sem algemas, libertar-se da ideia de dor e sofrimento pelas tantas carnes que lhe rebrotaram das entranhas, dos signos que a escravizaram sob os estertores daquele covil.

Um dia alguém veio portando uma luz forte e cegante e foi ter com ela na miséria que se encontrava: ‘Porquê não me amaste?’, esse alguém lhe disse, fendendo a escuridão.

A mulher não podia ver o que se passava, seus olhos doiam porque estiveram no breu por muito tempo, mas foi acostumando-se àquela luz e veio-lhe às vistas o rosto de uma jovem, semelhante ao seu, com os olhos verdes brilhantes no rosto negro avermelhado como o barro daquela montanha. A mulher então encheu a visão de lágrimas e culpa, um remorso puro rolando pelo rosto como jamais ousou sentir, e sua boca ficou apertada enquanto o queixo molhado tremia, por todas as vidas que não lhe sobravam nos umbrais daquela tristeza, que era o lugar de onde não conseguia sair, o lugar de onde vinha sendo eterna prisioneira. 

Mais uma vez escutou: “Porquê não me amaste?’

“Eu não pude…”, ela disse em meio ao pranto, saindo assim como quem é digno de pena, naquela desgraça na qual se encontrava.

Então a visitante se agachou e ficaram mirando uma à outra em silêncio até que a jovem irrompeu: ‘Te vendo eu te perdoo porque posso compreender a tua miséria. De todos sou tua filha, porque fui a única capaz de me levantar contra meu pai na sua ignorância e crueldade. Sou tua parte também afinal, de todos aqueles que pariste, sou tua como nenhum outro.”

A mulher tomou as mãos da jovem e as beijou com os lábios trêmulos: ‘Shukranlak, obrigada’, foi a única palavra que encontrou.

‘Quero ver o mundo lá de cima, me leve pelos caminhos onde andaste.’.

A jovem explicou à mulher que um dia opôs-se contra o pai, vendo equidade no ato de levar a luz ao mundo, assim como a Lugalesa o fizera, mas o Rei estava consumido pela loucura bem como alguns de seus irmãos. Todos queriam reinar, mas havia somente um reino, somente uma claridade que não podia ser vergastada nem aniquilada e essa fonte pertencia a Nunashur.

Concordou por hora com seus irmãos e decidiram cismar o penedo, o que fizeram juntos e com tanta força que o mundo inteiro tremeu. Os mares subiram na terra, as montanhas cairam nas águas, os picos do mundo cuspiram as próprias entranhas. E agora havia cinco gemas maravilhosas, mas o salão do Rei estava desmoronando e quando percebeu o que havia sucedido avançou sobre as pedras e tomando o maior pedaço de todos o engoliu e saiu desvairado, sem nunca mais ser visto. 

Já a jovem ficou com um pedaço para si e foi, junto com a mãe e o povo que era escravo de seu pai, viver no mundo, o iluminado mais uma vez. E colocaram a pedra no alto de um castelo imenso, encimado por uma lua tal qual a maior estrela do firmamento.” , Tu a tu.

E nunca houve paz, embora essa seja outra história.

    A mulher virou o rosto para observar a menina, que estava dormindo sobre as palhas, e sentiu que sua barriga tremia, podendo sentir nas espaldas um desconforto angustiante já familiar.

Era chegada a hora e chegada também eram as terras de Ankset. Ela olhou para o horizonte: “Ankara.”, pensou em silêncio lembrando do rosto negro e brilhante de sua filha, tão intenso como o chumbo da cidade que é do limo denso que a cobria por inteiro. Deu um beijo na testa da menina e puxou o feno sobre seu corpo. Mais espasmos.

Conduziu o carroção até um mato seguro e sumiu na direção dos espinhos que cobriam a vegetação: “preciso chegar ao templo, as sombras se movem no meu ventre, mais um Rei de Reis virá ao mundo.”.

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